Os discos são peixes tímidos encontrados normalmente em cardumes em lagos e rios tranquilos da região norte. Diferentemente dos discos selvagens, podemos encontrar hoje em dia discos domésticos totalmente azul turquesa ou vermelho, isto graças a seleções genéticas, feitas através de estudos pioneiros, realizados na década de 70, pelo alemão Dr. Eduardo Schimidt-Focke e o americano Jack Watley. Na década de 90, a gama de discos coloridos aumentou consideravelmente e as vendas vem aumentando dia a dia. O último grande acontecimento no ramo dos discos foi no ano de 1991, no grande Aquarama Show, em Singapura numa competição importante de peixes ornamentais, onde um famoso criador expôs e revolucionou o mercado com um disco de coloração laranja avermelhada com manchas pretas, inédita até então. Este novo disco foi denominado pelo criador de Pigean Blood (reeditado pelo autor 1999-pigean blood ou sangue de pombo-na época de lançamento pelo criador foi vendido inicialmente somente em lotes mínimos fechados de 100 unidades com o preço de U$400,00 a unidade, portanto todo novo criador ou empresa que quisesse adquirir esta nova raça tinha que investir um montante de U$40.000,00 na época), e vem competindo com o turquesa na preferência dos apaixonados pelo disco do mundo inteiro. Hoje em dia o mercado brasileiro de aquariofilia começa a conhecer mais as novas cores de disco, graças as importações, atraindo cada vez mais pessoa para esse maravilhoso hobby.
A seguir algumas dicas na boa manutenção deste fascinante peixe. O disco, o rei do aquário, como é considerado, necessita, é claro de um aquário bem montado, com uma boa filtração, iluminação, um perfeito aquecimente e equilíbrio da água.
O Aquário - O tamanho do aquário é de vital importância. Quando comprarmos os discos pequenos, temos que ter em mente que estes peixes podem chegar a atingir de 15 a 20 cm quando adultos. Para termos um bom exemplo, em um aquário de medidas 1 m de comprimento, 40 cm de largura e 50 cm de altura, seis discos é um bom número. Eles necessitam de bastante espaço para nadar e se desenvolver. Como são peixes de cardume por natureza, coloque sempre no mínimo quatro discos. Evite colocar somente um disco no aquário, ele ficará perdido e solitário, podendo vir a parar de comer, morrendo em seguida. Não coloque também dois ou três discos somente, pois os maiores irão machucar e ou dominar os menores, prejudicando inclusive na alimentação, impedindo assim um bom desenvolvimento de algum exemplar.
Iluminação - pode ser aquela tipo fluorescente normalmente comercializada pelas casas do ramo, respeitando é lógico os padrões de wattagem/tamanho do aquário. Mesmo sendo o disco encontrado em zonas onde há uma grande cobertura vegetal, raízes aéreas, onde a iluminação é difusa, é comprovado que ele se comporta muito bem com a iluminação normal, podendo ser mantido tranquilamente num aquário comunitário.
A decoração do aquário - A decoração é um fator pessoal de cada aquarista. Cuidado porém, para que os acessórios não mudem a química da água desejada. Cascalho e rochas são importantes, pois alguns deles mudam relativamente bem os níveis de pH e dureza da água. A dolomita por exemplo é um tipo de cascalho normalmente usado na aquariofilia, mas que deve ser evitado nestes tipo de aquários para discos, pois alcalinizam a água com o tempo tornando-a imprópria. portanto devemos dar preferência ao cascalho de rio natural e rochas próprias para o aquarismo.
A filtragem e a qualidade da água são muito importantes, às vezes vital para a boa manutenção e crescimento dos discos em aquário. Uma boa forma de se manter a água do aquário boa para os disco, é a tão necessária e religiosa troca parcial de água semanal. Paralelo a isso, uma boa filtração ajudará em muito a manter a água limpa e cristalina. Nos dias de hoje, a filtração biológica por meio de placas de fundo, colocados sob o cascalho estão obsoletos. É um sistema cada vez menos usado no mundo inteiro, pois está comprovado que ele agride o bom desenvolvimento das raízes de plantas aquáticas além de acumular sujeira no fundo do aquário, acabando por saturá-lo, e resultando para o aquarista uma limpeza geral após um determinado tempo. Esta faxina acarreta num desequilibrio biológico, provocando um stress aos peixes neste intervalo. A sujeira e dejetos do aquário podem ser facilmente retirados através de um sifão próprio para o aquário que é usado diretamente no cascalho, enquanto que um bom filtro externo ajudará a manter a água cristalina com uma simples manutenção mensal de seus componentes, mantendo seu aquário por muito mais tempo, higiênico e com um ótimo equilíbrio biológico. Ótimos filtros podem ser adquiridos com a boa orientação do lojista, portanto, o tipo de filtro externo a ser usado, ficará por conta da preferência e disponibilidade de cada um. Os vários tipos de filtro não serão abordados nesta edição. Independente ao tipo de filtro a ser usado este deverá manter a água limpa e cristalina, ajudando na manutenção de uma boa biologia e química da água.
A temperatura - O disco por ser originário da região norte do Brasil obviamente necessita de temperatura alta. A temperatura ideal situa-se entre 27.5 e 30 graus centígrados. Abaixo de 26 ºC o disco começa a se sentir mal, pode vir a para de se alimentar, baixando sua resistência e aumentando o risco de "stress", propiciando assim o aparecimento de alguma doença. Procure sempre trabalhar com um bom termostato, impedindo o risco de qualquer tipo de oscilação de temperatura na água, mesmo em dias muito quente ou frio. Temperaturas um pouco acima, como 32ºC, podem ser usadas em peixes recém introduzidos no aquário. Isto provocará um aumento do metabolismo do peixe, consequentemente em um apetite maior, facilitando assim uma melhor aclimatação. O disco pode suportar temperaturas altíssimas como 36 e 40ºC, porém com alto risco e às vezes mortal. Nesta situação ele escurece e sobe até a superfície. Caso isto ocorra, abaixe a temperatura, introduzindo água mais fria, certificando-se que o pH está certo e naturalmente ausência de cloro. Desligue a luz, termostato e aquecedor procurando solucionar a falha ocorrida. Normalmente isto é causado por erro de wattagem de aquecedor, termostato desregulado ou de péssima qualidade.
A água - O disco é originário de águas ácidas, com pH variando entre 5. 0 e 6. 5, dependendo da região. Em aquário ele pode ser mantido em pH abaixo de 5.0 e acima de 7.5, porém é de todo aconselhável mantê-lo em água onde o pH seja ligeralmente ácido num ideal de 6.5, afim de se evitar qualquer tipo de problema. O que é necessário fazer após a montagem de um novo aquário é o ajuste de pH. Normalmente o pH da água da torneira provinda da rede pública (salvo aqueles abastecidos por nascente ou poço) situa-se na faixa de ph 8.5 à 9.0. Este pH pode ser abaixado facilmente por meio de um acidificante comum usado para aquarismo. A água nova que será usada nas trocas semanais, além de descansada para eliminação do cloro, deverá possuir um pH neutro, pois servirá para compensar o pH da água do aquário que abaixa normalmente com o tempo, consequente da eliminação dos dejetos dos peixes, mantendo assim sempre um pH estável em torno de 6.5. A troca de água semanal contribuirá para o bom crescimento dos discos, além de ajudar a manter um nível de amônia nulo. A amônia sendo tóxica, e o disco sendo altamente sensível a ela, normalmente é a responsável por muitas mortes dos peixes ocorridas com iniciantes e até com criadores aquaristas mais experientes. Ela pode ser medida facilmente por testes colorímetros vendido nas lojas. Os sintomas dos peixes quando atacados por amônia são: coloração escura, respiração ofegante, permanência na parte superior do aquário, barbatanas fechadas e corroídas, formando uma minúscula película branca em algumas partes do corpo. Quando constatado a presença de amônia na água é preciso efetuar de imediato uma troca de 1/3 à metade da água, afim de abaixar sua concentração, ajudado por um aumento de oxigenação e pH baixo. Isto ocorre normalmente por excesso de peixes no aquário, excessos na alimentação, introdução de água com cloro, uso mal feito de antibióticos ou qualquer medicação que por fim tenham afetado drásticamente a biologia do aquário, provocando o aparecimento de amônia.
Comprando seu disco- O aquário estando pronto, é hora de escolher o lugar onde adquirir o seu disco. Procure sempre optar por lojas de boa reputação, onde o dono demostre ter um grande cuidado com todos os peixes em geral. A maioria dos peixes devem estar saudáveis, pois lembre-se que, dificilmente o lojista usa uma redinha e sifão para cada aquário, o que facilita bastante a contaminação entre os aquários da própria bateria. Não é preciso lembrar que deve-se evitar comprar peixes aparentemente doentes ou que estejam no mesmo aquário onde haja outros já debilitados. Um bom conselho, é pedir a um funcionário da loja para alimentar os disco na sua frente, pois a não ser que estejam gordos e satisfeitos, eles com certeza subirão à superfície a procura de comida. Geralmente, disco com apetite é sinal de disco saudável. Analise a coloração do peixe, que deve ser forte e brilhante. Disco muito escuro e cinzento é sinal de doença ou algum distúrbio na água. Ele precisa apresentar uma abertura total das nadadeiras, principalmente as peitorais. E um ponto que seria de grande importância para interessados e experientes, é a proporção do tamanho do olho em proporção ao tamanho do corpo do peixe. Disco de olho grande e corpo pequeno é sinal de pouco desenvolvimento, ou seja, um peixe que está encruado. Procure discos com olhos bem pequenos. Após a compra de seu disco o ideal é colocá-lo de quarentena para um tempo de observação, pois seria de grande risco juntá-lo de imediato com seus outros peixes ou mesmo discos, que já estão a um certo tempo com você, saudáveis e lindos, diminuindo assim, o risco de uma eventual contaminação e desastre no seu aquário. Vindo da loja, mergulhe o saco ainda fechado, na água do seu aquário para igualar as duas temperaturas. Após 10 minutos, abra o saco e lentamente introduza água do seu aquário dentro, isto ajudará o disco a não sofrer um choque de pH, o que poderia ser fatal. Repita várias vezes esta operação, e jogue sempre o excesso de água fora, tomando o cuidado para não introduzir água do saco no aquário. Coloque o peixe com uma rede no aquário e jogue o saco e o resto da água fora. Assim você diminuirá o choque da mudança de água e o risco de doenças.
Alimentação - Esta é uma das partes mais importantes e talvez com a qualidade da água, diretamente responsável pelo sucesso da manutenção e reprodução do disco em aquário. O disco tem de ser condicionado vagarosamente a nova dieta, e a introdução de um novo tipo de alimento até a sua aceitação completa, poderá demorar até uma semana. Este ponto é mais problemático com peixes coletados na natureza, que passam por um " stress" intenso desde a sua captura no rio, até a sua chegada no aquário do consumidor final. Espécies nascidas em cativeiro aceitam qualquer tipo de alimento mais rapidamente. Procure nunca deixar alimento sobrando no aquário por mais de uma hora, pois poderá apodrecer a água e poluir o seu aquário. Limpe o resto de comida e repita a operação ao final da tarde ou na manhã seguinte. O disco, prefere como qualquer outro peixe, por natureza, de alimento vivo, mas isto não significa que seja o essencial para uma boa manutenção dele em cativeiro. Ele aceita um cardápio bem variado, que pode incluir desde alimentos vivos como artêmia salina, bloodworms, larva de mosquito, pedacinhos de minhoca, daphinea e etc...à alimentos não vivos como flocos comum ou especiais, comida em bits ou bolinhas, bloodworms congelado, artêmia congelada ou desidratada, tubifex desidratado, vários tipos de patês como o de coração de boi com cenoura e espinafre, e uma infinidade de outros alimentos que aparecem dia a dia nas lojas de aquário. É preciso somente verificar qual destes alimentos está mais disponível ao hobbista, elaborando um bom cardápio diário, assegurando uma boa alimentação para os seus discos.
Reprodução - A reprodução do disco, é ainda hoje, o auge dos aquaristas mais experientes. Portanto para se tentar a reprodução do disco com boa probabilidade de sucesso, é necessário que o hobbista já tenha tido outras boas experiências na reprodução de outros ciclídeos como " acará-bandeira" ou "kribensis" por exemplo. O mais fácil seria o de adquirir um bom casal e já se tentar de início a sua reprodução, porém o alto custo e a raridade de casais à venda, dificulta esta iniciativa. O ideal então, é adquirir peixes pequenos na faixa de 4 meses, engordá-los até a fase adulta, e se tentar a formação de um casal. Esta maneira além de ser mais econômica faz com que o hobbista atravesse já de início pela experiência do crescimento dos disco. O casal reprodutor escolherá um canto bem protegido e iniciará o ritual de acasalamento. Normalmente isto se dá num tronco, tubo do filtro, e até mesmo no vidro do aquário. Ocorrida a desova, o casal cuidará dos ovos oxigenando, limpando e retirando aqueles que sejam atacados por fungos. Os ovos eclodem em mais ou menos 72 horas, e os filhotes começarão a nadar após mais outras 72 horas, dependendo da temperatura. O casal cuidará da prole e os alevinos se alimentarão de um muco produzido na pele dos adultos, propiciando ao hobbista uma cena maravilhosa de difícil descrição. Os náuplios de artêmia podem ser introduzidos no sétimo dia, em quantidades pequenas e com um mês a prole pode ser retirada do aquário liberando o casal para um merecido descanso. A ninhada deverá ser dividida em mais aquários dependendo da quantidade, facilitando assim o crescimento dos pequenos discos.
Doenças - O tratamento mais usado e frequentemente recomendado pelos criadores de disco, é a manutenção de uma boa higiene do aquário. Por incrível que pareça, mais de 95% das doenças acometidas aos discos são resultados de péssima qualidade de água, grande frequência de distúrbios causados aos peixes seja pelo uso indevido de remédios, oscilação de pH e temperatura, transporte e péssima aclimatação feitas por atacadistas e lojistas de péssima reputação. Se você está tendo alguma experiência com problemas de doenças, faça primeiramente todos os testes de água, ao contrário, do teste de remédios, como é erroneamente indicado por muitas pessoas.
Será indicado aqui algumas das principais doenças onde os discos são mais sensíveis.
O ictio - aqueles "pontinhos" brancos por exemplo será obviamente descartado já que a temperatura do aquário à 29-30º graus, impedirá o disco de ser atacado pelo já conhecido "resfriado" dos peixes.
Fungos e bactérias - que tem como sintoma, pequenos chumaços de algodão e escoriações e laivos vermelhos, respectivamente, podem ser diagnosticadas e curadas facilmente com ajuda de bactericidas e fungicidas especializados, disponíveis no mercado de aquariofilia. ( atualização: fungos e bactérias de pele são sempre decorrentes à baixa qualidade de água, confira amônia, acerte pH e faça trocas parciais mais constantes).
Parasitas e protozoários - doenças causadas por estes agentes já são mais complicadas e infelizmente mais corriqueiras em discos. Elas podem ser infestações externas e ou internas. O oodinium por exemplo, causa uma espécie de irritação na pele do peixe, tipo de uma "coceira", onde o peixe procura um objeto para se coçar, causando um mal estar ao peixe, diminuindo o apetite e a sua resistência. Isto pode ser curado com um oodinicida ou outra medicação à base de formalina e cobre. Entretanto tome cuidado, principalmente com estes tipos de medicação a base de cobre, pois um pequeno erro na dosagem poderá ser fatal aos seus peixes. Existe outro parasita, também muito comum chamado Dactylogyrus. Ele ataca principalmente as guelras dos discos, causando uma respiração acelerada com o fechamento de uma das duas guelras, e pode ser tratado do mesmo jeito à doença anterior citada.
Spironucleos - Por fim uma das doenças mais perigosas e tão corriqueira ao mundo dos discos, e que normalmente passa desapercebida ao hobbista é o spironucleos. Um verme intestinal (atualização: um protozoário que infecta o sistema digestivo) que provoca falta de apetite nos disco, fazendo com que ele perca peso lentamente até o ponto irreversível chamado popularmente de "barriga colada" ou "disco gilete", onde o peixe acaba morrendo por fim de inanição. O remédio recomendado precisa ter como um dos componentes o "metronidazole", vendido nas principais loja de aquário. (atualização: ex: "clout" ou Azoo Anti-Protozoa). Este tratamento precisa ser feito a uma temperatura de 33º graus, e após três dias deve ser feito uma troca parcial de 40% da água. Este tratamento deve ser repetido após 15 dias assegurando assim a total errdicação da doença.
Lembre-se que apesar de toda esta descrição com diagnósticos e medicações, a melhor cura ainda será a prevenção. Portanto atente-se a manter seu aquário nas melhores condições possíveis, procurando dar ao seu peixe sempre o melhor.
Estes são alguns conselhos elaborados através do convívio com este fascinate peixe, ficando claro a existência de inúmeras outras excelentes técnicas de manejo e cultivo, não só de disco como também de outras espécies de peixes ornamentais, que são praticadas por inúmeros aquaristas não só do Brasil como do mundo inteiro. Concluindo, pelo que já foi dito deu para perceber porque o Acará disco é uma espécie de peixe que provoca o interesse dos aquariofilistas do mundo todo, e espero que estas idéias ajudem um pouco no aprendizado deste interessante peixe, facilitando o caminho para novos encantos com o rei do aquário, imerso neste maravilhoso hobby.
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